sexta-feira, 15 de agosto de 2014


ANDREA TONACCI: A INVENÇÃO COMO GÊNERO

"Never any young adventurer's missfortunes, I believe, 
began sooner, or continued longer than mine." 
Robinson Crusoe, Daniel Defoe 

            Dos realizadores hoje em atividade no Brasil, nenhum deles é movido por um compromisso tão agudo com a sua própria intuição quanto Andrea Tonnaci. Não fosse pela trágédia que encerrou de maneira súbita a vida e a carreira de Eduardo Coutinho, no início de 2014, ele talvez fosse um dos únicos capazes de lhe fazer companhia, ao menos nessa frente avançada de expressão de uma sensibilidade artística que se confunde tanto com a vida pessoal quanto com o contexto político que a envolve. Tonacci, com Serras da Desordem, já havia feito o seu Cabra marcado para morrer. Agora, com Já visto Jamais visto, ele vai um pouco mais longe (ou um pouco mais perto, dependendo do ponto de vista) e nos oferece a sua própria versão de um clássico, não mais do cinema brasileiro, mas da literatura universal – algo como o nosso Robinson Crusoe, A volta ao mundo em oitenta dias ou A ilha do tesouro. Estão ali, a começar pelos créditos, as letras douradas, a ilustração antiga, a diagramação um pouco rude das coleções. Que os pais coloquem os filhos nos colos, e leiam esse filme por sobre os seus ombros! Finalmente o cinema brasileiro – nesse aspecto muito aquém da literatura, para dizer o mínimo – encontra uma figuração digna dos sentimentos conturbados e aventurescos da infância, com todo seu entorno mítico, sua fascinação pelo desconhecido, sua familiaridade inocente com o sagrado.

sábado, 30 de novembro de 2013

sábado, 23 de novembro de 2013


"Ser diretor e fotógrafo ao mesmo tempo é a assumir a paternidade de fato. Nessa condição, fiz curtas e médias metragens, nunca longas. Mas no caso, não tenho nada pensado. Aliás, venho pensando no que venho fazendo há muito pouco tempo. Quero dizer que era um impulso mesmo, como uma fera qualquer que quisesse arrebentar a minha pele e sair pra fora. Era necessário que eu falasse, era um impulso. Nisso, a câmera virou um instrumento, minha arma de guerra. Então, aprendi a fazer dela a expressão do meu olho e da minha consciência. Então ela ficou uma parte colada na minha pele. Virou um impulso e eu poucas vezes refleti sobre isso. É tão fácil estender a minha mão, apanhar o instrumento de minha consciência e ir com ele, chorar com ele. Uma coisa natural."

(Entrevista de Raulino para a Filme Cultura, não incluída no catálogo do Forum)

MOSTRA ALOYSIO RAULINO
FORUM.DOC 2013